domingo, 26 de fevereiro de 2012

Barcelona de Gaudí

   A corrida, às 9 horas da manhã, para a porta de embarque número 16 já indicava, por si só, um mau presságio para o início da viagem. Para além da sensação de "déjà vu" não houve tempo para outros grandes pensamentos. Naquele momento só queria acreditar que era possível desafiar o relógio.

   A notícia chega em forma de saudação! Aquele senhor, bem fardado, abre os braços à nossa chegada dizendo "Senhores e senhora podem voltar para trás e fazer uma nova marcação do voo!". Por momentos, quase que senti a sua fina felicidade em me ver a mim e aos meus amigos falhar. Ali as suas palavras petrificaram-nos mas, não muito tempo depois, foram motivo das primeiras risadas de consolação!

   As 6 horas seguintes no aeroporto de Lisboa foram suficientes para deixar as lamentações por ali mesmo! Na verdade, houve tempo para tudo, até para relembrar aquele avião perdido em Londres no ano anterior que nos fez, aos mesmos 4, dormir no aeroporto!

   Tinha chegado, novamente, a hora de embarcar e, desta vez, foi pela porta número 13 que nos foi concedida a segunda oportunidade.
Barcelona, a cidade de Gaudí, esperava por nós!

  Hola Barcelona!

   Do aeroporto seguiu-se uma viagem de cerca de 30 minutos de comboio.

   Foi no "Passeig de Gràcia", já de noite, que respirei o centro de Barcelona pela primeira vez!  Ainda parada, à espera de indicações, dei por mim a olhar para um edifício. Era magnífico! Destacava-se de todos os outros. Fui informada que estava ali a "Casa Batlló". 
   A caminhada para o hotel foi apressada. A mala pesava-me nos ombros mas a felicidade de estar ali suplantava qualquer dor! Pouco mais de 10 minutos a pé foram os suficientes para encontrar o hotel "Hostal Central". Dele só importa referir que para além de estar muito bem situado, foi palco de grandes momentos, de enormes gargalhadas!
   Nessa noite fomos jantar à "La Rambla", rua esta que faz a delícia dos turistas (e não só) nos seus 1 Km e 200 metros que ligam a praça da Catalunha ao porto da cidade. A cervejaria que nos calhou em sorte acabaria por me dar cabo da paciência, não só por esperar pelo atendimento mas também pela comida, valeu-lhes a sangria. Muito provavelmente a melhor sangria que provei até hoje!
   Daqui, só restava aproveitar um pouco mais da noite de Carnaval!
Entre o "Hard Rock Café", o único lugar de Barcelona, que encontrámos, onde se sentiu o ambiente carnavalesco (pela música brasileira ao vivo) e um bar Irlandês, palco de conversas políticas deu-se por fim, aquele dia como terminado!

Os dias seguintes:

Não vou descrever ao pormenor todos os sítios por onde andámos, se bem que, vontade não me falta. Acredito que se torne um pouco maçador para quem possa vir a ler isto... por isso, os 3 dias que se seguiram, serão contados a passo de corrida... vá, com algumas paragens!

Paragem número 1: Casa Batlló
Deslumbrante! Fiquei fã de Gaudí naquele momento! O Senhor gostava da natureza e deixou isso bem claro em todo o edifício. Adorei tudo, desde a lareira com um lugar para o pau de cabeleira até aos vidros que simulavam a sensação de estar debaixo de água. Ele também tinha um gosto particular por curvas, vá-se lá saber onde foi buscar a inspiração visto nunca se ter casado (a não ser com o trabalho). Gáudi foi um génio, sem dúvida! Tudo foi pensado ao pormenor... cores, tamanhos, janelas, portas, paredes, tectos, cadeiras, candeeiros, orientações, clarabóias, imagens... TUDO!
Gaudí, eu amo você!

Paragem número 2: A Sagrada Família
A obra-prima de Gaudí!
Muito podia eu falar deste templo mas basta dizer que tem a mão do génio (vá, o corpo todo) para ser merecedor de "resmas" de curiosidade!
Simplesmente, de grandiosa beleza!
Imponente, sim, imponente!
Detalhado! Tão detalhado, tantos pormenores que ainda nem está concluído e a previsão é só lá para 2026!
A fila de espera para visitar o templo é rápida, mesmo que já dê a volta ao quarteirão não desanimem... num piscar de olhos já estão nas bilheteiras!
Esta é uma visita obrigatória!
Ah! Peçam o áudio-guia por mais 4 euros, é fundamental para tentarem compreender a complexidade da mente deste homem!

Paragem número 3: Mercado de la Boqueria
Cor, cor, cor... quanta cor! Não havia laranja que não fosse fiel ao nome. As maçãs eram saídas da história da branca de neve! Enfim...
Aquilo parecia desenhado.
Tudo o que possam imaginar de produtos alimentares, lá, encontram!
Houve uma altura que pensei que estava num museu! Não havia banca que não estivesse meticulosamente organizada, com tudo no sítio certo! Só faltava dizer: "Não mexer"! Eu garanto que não estou a exagerar... até porque foi isso o que mais me espantou, o método de arrumação em tamanho, cor, marca, etc!
Acho que Gaudí andou por lá a dar uns conselhos antes de ser atropelado pelo eléctrico... (sem brincadeiras, foi mesmo assim que ele morreu!).
Deste mercado, fica a sugestão dos sumos naturais... 1 euro, prontos a levar e de todos os sabores e mais alguns!

Paragem número 4: Parque Guell
As marcas de balas no placar informativo à entrada do parque (via escadas rolantes) podiam-me ter traumatizado, mas a beleza relaxante deste parque público com a sua vista magnífica para a cidade, fizeram-me esquecer aquela visão. Desde a praça principal delineada de forma brilhante até à escadaria onde se encontrava o meu amigo lagarto, há quem lhe chame de "El Drac", tudo perfeito!
O meu momento "zen" foi quando passei naqueles arcos que pareciam feitos de árvores (Pórtico da Lavadeira) e... fui premiada, pelo acaso, com um encantador som de violino! O eco ali dentro era mágico! Vi-me obrigada a caminhar mas garanto-vos que fui bem devagarinho...
A casa onde Gaudí viveu cerca de 20 anos também se encontra por ali e pode ser visitada! Gostei em particular do escritório. Se fizerem a ligação da secretária à foto emoldurada (na parede) de Gaudí com um ar pensativo, conseguem achar-lhe a mesma graça!
Este parque, tal como Gaudí nos vai habituando, é cheio de apontamentos.